terça-feira, 31 de março de 2009

O resgate da "comida gostosa"

Há meses recebi de um amigo jornalista da área gastronômica a indicação do blog do chef Julinho (Júlio Bernardo, do restaurante Sinhá). "Olha que figura". É mesmo. E mais que isso: escreve bem e é corajoso. Em um universo em que a maioria dos profissionais troca elogios em público e há justificativa para todo e qualquer preço exorbitante praticado, ele ataca chefs "incriticáveis" e destrói alguns mitos, como o do cafezinho gourmet custar caro. Virei leitora.

Muitas vezes não concordo com suas opiniões. Mas acho que seu tom muito franco e as polêmicas de seus posts geram uma espécie de fórum online. E discussão, a gente sabe, quando não-gratuita ou leviana (nem sempre possível em fóruns), é bem vinda.

E tem uma máxima do chef Julinho que eu estou muito de acordo: a comida gostosa sumiu. Ninguém comenta mais dela. Só se fala em "interessante", "curiosa", "inovadora", adjetivos que nem sempre significam o que mais interessa: comida boa de comer.

Mas, para a nossa alegria, a comida saborosa - e despretensiosa - está de volta, ressurgindo aos poucos em restaurante como o Anita e o Dalva e Dito (que ainda que não esteja redondo, na opinião dos que foram, inclusive do Julinho, tem esta proposta). Foi este o tema da última edição do Boa Vida, que eu não tinha visto já que por algum enigma técnico não foi publicado na página do videocast.

Nada contra as criações, os fusions e os contemporâneos. Acho mesmo que há espaço para todo mundo. Mas que às vezes você troca qualquer pato-confit-com-crosta-de-alguma-coisa-e-coulis-de-outra por um belo arroz com feijão preto e fígado acebolado, isso é bem verdade.

(No vídeo há também o passo-a-passo do cuscuz paulista servido no Anita.)

Clique aqui para assistir.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Curtinhas: curso de bier sommelier

E o Senac SP prepara, em parceria com a mestre cervejeira Cilene Saorin, um curso de bier sommelier para ser ministrado na unidade de Santo Amaro ainda este ano.

CB sem comida, Casa Belfiore com reformulações a vista


Saiu no último Guia da Folha uma nota sobre as mudanças no clubinho roqueiro CB. Falou-se mais das alterações no visual da casa - agora em clima de Miami-beach-art-decó - e do novo bar instalado no corredor. Mas sabadão estava eu na escola Wilma Kövesi, em um curso de gerenciamento de negócios gastronômicos, e bati um papo com o Diego Belda, um dos sócios da casa, que me contou algo mais sobre a reformulação.

"Fechei a cozinha do CB", disse ele e eu me surpreendi. Lembro que quando eu fazia o roteiro de noite no Guia um dos principais predicados da casa era o clima de dining americano e o fato de servir bons hambúrgueres e petiscos. Isso, me contou o Diego, acabou. Como sabemos, nem sempre o potencial da casa vem conforme o planejado. E, por mais que o Diego aparentemente seja bem chegado em gastronomia - tanto que o bar
Casa Belfiore depois virou bistrô e confundiu muita gente com essa mudança -, a vocação do CB acabou indo pro lado night/show. Ou seja: ninguém comia ali. "Quem é que quer comer com um cara pulando do seu lado?", ele me perguntou. Verdade. Casas parecidas, como o Berlin, não oferecem nada mais que uma saltenha ou amendoins para comer, que é o que os sócios do CB pretendem servir agora. E ele completou: "e quem ia lá para comer aparecia mais cedo, saía cedo e não conhecia a essência da casa".

Curiosamente, a aula daquele dia tratou dos produtos que muitas casas têm e que criam fama, mas que, na real na real, ninguém pede. Tipo galinha de angola. Todo mundo comenta que tem, mas quem come? "Só o crítico", reconheceu o professor Eduardo Scott (do Bistrô Charlô). E daí o local fica falado, o cidadão vai lá porque "olha só, tem galinha de angola", mas pede um risoto. Era o caso do CB, que agora depois de muito bem estabelecido na noite paulistana pode ser dar o direito de fechar a cozinha.

Em tempo: depois de ficar meio no limbo daquele território "entre bar e restaurante" e perder um tanto de sua identidade, a Casa Belfiore também deve sofrer ajustes, aí no cardápio, "assim que terminar o curso", contou Diego.

CB - R. Brig. Galvão, 871, Barra Funda. Tel.: 3666-8971.

Casa Belfiore - R. Sousa Lima, 67, Barra Funda. Tel.: 3822-1364.
Foto copiada daqui.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A hora das cervejas artesanais chegou em Buenos Aires



Direto de Buenos Aires, mais precisamente de Palermo Soho, nome meio metido a besta do bairro maomeno Vila Madalena da cidade. Nos arredores do hotel que estou, na rua Guatemala, ficam as lojas, galerias, bares, restaurantes e cafés considerados "de vanguarda" pelos portenhos. De vanguarda mesmo, eu não sei se são. Mas o bairro está visualmente em transformação, com diversos prédios/casas em obras e estabelecimentos charmosos recém-abertos.


Logo que cheguei, no sábado, caminhei até a praça Cortázar, que por sua vez é uma Benedito Calixto local (com uma feirinha bem menor e menos atraente que a de San Telmo de domingo). O dia ensolarado e os inúmeros bares em volta da pracinha convidavam para uma cerveja en la terraza.

Primeira constatação: a Brahma chegou a galope por aqui. Agora disputa os guarda-sóis de patrocínio com a local Quilmes. Dá uma sensação meio esquisita. É como quando você está fora do país e encontra brasileiros circulando - você adora os conterrâneos, mas não é o que espera ou quer encontrar quando cruza a fronteira. E Brahma está bem atrevida nos display e na TV, onde aparece em propaganda com uma versão "balada", a Brahma Beats. Heim? Pois é, Brahma Beats. É tudo da Ambev mesmo...

Isso posto, fiquei feliz da vida quando encontrei o bar Prologo M. R. Cerveceria. Um cartazinho pendurado na porta dava conta que lá eles oferecem 70 tipos de cervejas, incluindo importadas e artesanais nacionais. Fui direto no setor das artesanais, onde seis marcas (com diversos rótulos disponíveis) eram anunciadas. Fui na que "mais sai", segundo a garçonete, e pedi a Antares Kölsh (12 pesos), bem densona, turva e encorpada. Na Argentina eles não bebem cerveja tão gelada quanto nós, então a mais pedida deles talvez não tenha sido uma boa para uma brasileira num dia quente de 27C.

Na sequência, arrisquei e pedi a Valle del Tafí (12 pesos), que em seu rótulo defende ser a primeira cervejaria artesanal do norte da Argentina. Foi surpreendente: com 6,1% de teor de álcool, ela é das cervejas mais frutadas que já tomei, com notas de abacaxi e maracujá, e, apesar de turva e densa, é bem refrescante.



Mas não foi só nesse bar especializado que as artesanais argentinas deram pinta até agora, em minha curta estadia em Buenos Aires. Vários restaurantes que visitei sugeriam em seus cardápios algum rótulo de microcervejarias. Foi o caso da Otro Mundo, que pedi na casa de parilla Miranda e que, quando perguntei para o garçom do que se tratava, ele resumiu numa sinceridade desconcertante "és una cerveza artesanal, pero a mi no me gusta".

Fui obrigada a desobedecer seu conselho (e sentir um prazerzinho de fazê-lo), mas no fim tive que dar o braço a torcer. A Otro Mundo é meio grosseira no paladar, tem sabores muito fechados, e está longe de ser das melhores Golden Ale que já tomei. De qualquer forma, a oferta das micro na cidade me animou, mostrando que talvez na América Latina estejamos no mesmo movimento de valorizar seus produtores artesanais - coisa tão normal em terras européias.



Aliás, para a turma fã dos rótulos do velho continente, também há uma boa notícia nessa história: na mesma Prologo Cerveceria, a Leffe sai por módicos 16 (R$ 11) pesos e a La Trappe é vendida por 22 (R$ 15) - estanhamente, o mesmo preço que cobram pela Erdinger.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Bastidores de uma matéria sobre chope


Hoje o Guia da Folha traz uma matéria de capa feita por mim sobre bons (e maus) chopes de bairro. O “de bairro” aqui não é depreciativo, não. Trata-se de uma investigação em bares que não são conhecidos exatamente por suas chopeiras para ver a quantas anda o serviço e o produto oferecidos - além da franca vontade de encontrar novos grandes chopes.

Afinal, para quem é novidade que o Léo, o Pirajá, o Dois Irmãos e essa turma toda de consagrados serve um bom chopinho? A gente quer é mais – e de preferência sem ter que ir muito longe de casa. Para isso, circulei por cinco regiões da cidade e avaliei as mais diversas marcas, apesar da dificuldade de fugir do “monopólio” da Brahma (para quem acredita que bom chope é só desta bandeira da Ambev, a matéria reserva algumas surpresas).

Embarquei nessa empreitada que, para quem vê de fora, é “o trabalho dos sonhos”. Vai nessa! Visitar 30 casas com um termômetro culinário e um medidor de mililitros na bolsa pode ser cômico para muitos ou para quando você está em turma. Quando está a trabalho, muitas vezes sozinha, e vai ao banheiro com o copo de chope na mão (para medir os mililitros escondida) é dureza! Imagine a cara do garçom. “Lá vem a Heleninha Roithman versão morena”. Daí volta à mesa, saca o celular modernão e anota tudo nobloco de notas. “Vai ao banheiro com chope, volta com copo vazio e escreve um sms. Já vi tudo...”. Depois de dois chopes (para comprovar o padrão), sozinha na mesa, você pede a conta. Pronto, o garçom já te olha com aquele olhar de piedade e só falta te dar um abraço...

Enfim, trabalhão e muitas cenas surreais depois, eis uma matéria que eu fico orgulhosa de ter feito. Espero que ajude algumas pessoas a tomarem um belo chopinho perto de casa – e alguns bares a melhorarem seus serviços. A matéria vale também como um alerta para abrir o olho com o valor pago por mililitro (raramente indicados no cardápio pelos estabelecimentos). Na apuração, vi que o tamanho da caldereta varia muito de bar para bar – e o preço nem sempre acompanha quando o copo dminui.

A partir de amanhã, até quarta (dia 25/3), estarei em La Movida direto de Buenos Aires! Saludos muchachos!

quinta-feira, 19 de março de 2009

Melhorias na Stuzzi

O proprietário da Stuzzi avisa que as funcionárias vão passar por um treinamento, que inclui tirar corretamente o café.

E verdade seja dita: antes do comunicado, eu havia tomado um expresso Orfeu que já estava bem melhor!

Não entendeu nada? Clique
aqui.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Presente de Páscoa para quem não ama chocolate


A Páscoa vem chegando e eu vou, gradualmente, me sentindo um peixe fora d'água. Chocolate é uma delícia, ainda mais aqueles superiores, com matéria-prima belga, cacau DOC etc. Agora, nenhum chocolate do mundo me faz arrancar os cabelos. Muitas amigas minhas - chocólatras, todas - contam os dias para o "coelho" (leia-se namorado, marido) chegar e trazer um ovão daqueles. E então passam os sete dias seguintes devorando enormes quantidades do doce.

Eu não. E como não sou assim, e, confesso, me sinto um tanto esquisita, tento não ficar tão por fora e vou me atualizando das novidades. Mas não adianta: o que acaba chamando a minha atenção não são detalhes como "trufado", "crocante", "branco" e sim as lindas embalagens que algumas caprichosas docerias elaboram para a festividade.





E entre as várias coisas que vi já nas lojas, recebi por e-mail ou conferi em revistas, nenhuma me chamou mais atenção que o ovo em embalagem de porcelana da Chocolat Du Jour. Dá uma olhada:






Simplesmente lindo. A loja sempre manda bem nas apresentações e, mesmo assim, surpreendeu. Uma boa dica para presentear pessoas que, como eu, gostam mas não enlouquecem por um chocolate. Para as que enlouquecem, fica mais fácil: não precisa nem de embalagem, o que importa é o cacau.



O produto é vendido a R$ 224 na loja virtual da marca.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Bacalhoeiro e dois tintos portugueses

Quinta passada (12/3), fui conhecer o Bacalhoeiro, novo restaurante português que se instalou no Tatuapé. Bela surpresa: um ambiente harmonioso e agradável, marcado pelos azulejos portugueses azuis e brancos e pelo jardim vertical aplicado na parede – uma “tendência” iniciada pelo Kaá em proporções magnânimas, que eu torço para emplacar em outros ambientes da cidade. O teto retrátil, quando aberto, deu espaço à luminosidade do dia ensolarado. Ingredientes bons para o início de um almoço feliz.




E foi feliz mesmo. Porque no que mais importa, a comida, a visita valeu. Comi pasteizinhos de bacalhau bem sequinhos (sem muito recheio) e um belo arroz de pato com azeitonas (R$ 40), que é muito bem servido e dá para ser dividido. As sobremesas chegam em duas bandejas trazidas pelos garçons – substituindo o famigerado carrinho. Feitas as apresentações e as escolhas, a brigada volta à cozinha e traz os doces montados na hora. Fui de fio de ovos (R$ 14) – delicioso! – que veio com gotinhas de calda de goiaba ao lado.

Passeando no fundo do salão vi que ali há uma enorme mão-na-roda para as famílias: um playground com esses brinquedos cheios de túneis, rampas e cordinhas que, de tão grande, deve entreter a molecada por tempo suficiente para que os pais desfrutem de um almoço sem pressa. De volta, parei na adega e fiz conchinha com as mãos para espiar dentro. E lá veio o sommelier Augusto Monteiro, todo pimpão, convidando a entrar. “Entre, que esse aqui é meu orgulho”.

Acho que a Hebe ia gostar da adega do Bacalhoeiro. Eles têm o Ferreirinha 91, vinho tinto luso famoso, vendido lá a R$ 2.500. O Quinta do Vale Meão da Hebe eles não têm, mas sim o “filhinho dele” – como o Augusto definiu o vinho Meandro do Vale Meão, rótulo menos nobre da mesma vinícola que produz o vinho tratado no post anterior. Augusto indicou o rótulo e fiz fé: “É complexo e encorpado. Tem mais potencial de guarda que outros do mesmo nível feitos no Douro”. E o preço, bem mais em conta (como o "papai", também da Mistral): R$ 121,67. Será que ele aguenta até os meus 80?

Outra dica do sommelier foi o Cortes de Cima, feito principalmente das castas Aragonês (51%), Syrah (45%) e Trincadeira (4%), por um produtor do Alentejo que tem atraído atenção na região por inovar o estilo dos vinhos feitos ali. Tem quem diga que seus produtos têm um quê de vinho feito no novo mundo, mantendo as raízes portuguesas. Augusto não vai tão longe na defesa: “Tem bastante fruta concentrada e retrogosto persistente. Além disso, é bem equilibrado”. Aqui ele pode ser encontrado na Adega Alentejana por R$ 88,90, que em sua página na web indica que ele seja guardado por cinco a sete anos.








Bacalhoeiro - R. Azevedo Soares, 1.580, Tatuapé. Tel.: (11) 2293-1010

Mistral - R. Rocha, 288. Tel.: (11) 3372.3400

Adega Alentejana - R. Cincinati, 12, Brooklin. Tel.: (11) 5044 5760

Foto 1: Tadeu Brunelli/divulgação

terça-feira, 10 de março de 2009

Os vinhos que Hebe brindou

Hoje, na Band News, a simpática Alexandra Corvo falou sobre o tinto luso Pera Manca, um dos possíveis mais antigos vinhos de Portugal, feito com as uvas Trincadeira e Aragonez. A sommelière ficou um pouco sem jeito quando a apresentadora Fernanda D’Ávila deu a entender que aquele não deveria ser dos vinhos mais em conta do mundo. “Olha...não é mesmo”, respondeu, como que se desculpando por fazer um programa em torno de uma bebida de cerca de R$ 500, mais que o salário mínimo brasileiro.



Mas Alexandra bem sabe que, no fundo, não é preciso se avexar. O universo dos vinhos é feito de ícones e de lendas, com quatro, cinco dígitos, que a gente ouve falar a vida inteira e faz clara de exclamação só com a menção – mesmo sem nunca ter tomado um só golinho. Diante disso, um vinho de R$ 500 pode ser considerado um “ícone possível”, algo que bem merece ser falado.

Mas pobre de mim, porque quando eu digo “a gente”, estou falando de gente comum. Como eu e talvez você (e os próprios sommeliers, como a Alexandra, que mesmo quando bem experientes dificilmente vão beber todas as lendas em vida). Pois no mesmíssimo dia de hoje, a Mônica Bergamo listou, em sua coluna na Folha, os vinhos consumidos no aniversário da octagenária Hebe Camargo.

Quinta do Vale Meão no copo dos 20 convidados que estão na sala, onde são também abertas garrafas de Chateau Petrus 1997 e de Chateau Haut Bergey 1994. E champanhe Veuve Clicquot. À vontade.”

Os nomes chamam a atenção de qualquer um minimamente iniciado no universo das bebidas. E todo mundo comentou a valer. Mas de que vinhos exatamente estamos falando?

Acho que o Veuve Clicquot dispensa maiores apresentações: a champanhe francesa bate ponto em festas abastadas com seu indefectível rótulo laranja. Com perlagem constante e finíssima, tem acidez acentuada e sabor mais marcante que muitos de seus pares – mas nada enjoativa. Em lojas, a garrafa é vendida a cerca de R$ 180 (os exemplares não-safrados), mas também é possível comprá-la por cerca de US$ 70 nos Free Shops (o que nos dias de hoje não necessariamente representa alguma economia para o bolso).


O Quinta do Vale Meão é um clássico português (ok, não tão clássico quanto o Pera Manca, que Cabral literalmente bebeu com os índios), de aroma poderoso e denso, com notas de fruta madura, chocolate e tostados. É feito com 60% da uva-símbolo de Portugal, a Touriga Nacional, e mais 20% de Touriga Franca, 15% de Tinta Roriz e 5% de Tinta Barroca. Foi apelidado de “Barca Nova” por ter as mesmas castas do lendário Barca Velha e figura em listas de melhores vinhos do mundo. A Mistral vende a garrafa por R$ 419,47. Uma releitura possível de um ícone impossível.


Com o Chateau Petrus 1997 o orçamento da festa de Hebe foi às alturas. Não foi à toa que a apresentadora brincou que os convidados teriam que vender jóias para ajudar a anfitriã com os custos. O vinho francês, de Pomerol, Bordeaux, está entre os mais caros do mundo – o de 1947 vi que foi vendido outro dia por US$ 17.500. Como se trata de um vinho de guarda, que não é de uma safra reconhecidamente “excepcional” (o Robert Parker deu nota 91), o 97 sai mais “em conta”: cerca de R$ 6 mil.



Em tempo: É um belo exemplo de que os preços podem ofuscar a importância da qualidade. Em uma breve pesquisa na Internet vi inúmeros links sobre as cifras que as garrafas dos Petrus podem atingir, mas pouquíssimos sobre sua real supremacia em aromas e sabor (imagino que pela quantidade ínfima de degustadores, mas mesmo assim...).

Da propriedade de Sylviane Garcin-Cathiard desde 1991, o Chateau Haut-Bergey 1994 é feito na apelação de Pessac-Leognan, que produz tanto tintos como brancos. O tinto (de corte bordalês) é elaborado em processo manual de colheita e envelhecido por 16 a 18 meses em barrica. Não encontrei um da safra à venda no Brasil, mas o 2002 está por (certamente inferiores) R$ 198 aqui. Bom para comprar e guardar por mais 13 anos e abrir em uma data especial (e, se bobear, ainda gerar o maior ti-ti-ti).

Sem dúvida uma lista de rótulos condizente com os dizeres de Hebe que estamparam a bandeja dada como lembrança para os convidados na festa: "Uns podem e não têm, outros têm e não podem. Nós temos e podemos. Viva a vida!".