sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Macarron ou macaron?


Não sei - fiz a matéria e a dúvida persiste. Em dicionários gastronômicos encontrei dos dois jeitos (o com dois erres deve ser um aportuguesado). Mantive a grafia original francesa, ainda que a orientação da Folha seja sempre traduzir aquilo que tem equivalente na língua nativa. Mas macarron, até onde sei, não consta nos dicionários Houaiss da vida. Então...

Nem a confeiteira Renata Fernandes, uma das sócias da Folie, sabia dizer a grafia certa. Mas um macaron (ou macarron) bom ela sabia de cor e salteado como se devia fazer. Além dos apetitosos sabores clássicos, ela tinha lá suas maluquices: gin tônica com crispies crocantes foi a que mais me chamou atenção.

Apaixonada que sou por brigadeiro de capim santo, sugeri a ela rechear o docinho com a ganache da erva. Se eu tivesse um forno mais confiável, que me permitisse a aventura de assar um macaron (ela diz na matéria que a receita é simples, mas o forno é elemento-chave), seria esse o primeiro sabor que tentaria fazer.


Engraçado que nessas andaças de jornalista freelancer a gente fala, fala, fala com gente, mas é no fim das contas uma jornada solitária. Os assuntos em geral ficam em torno da pauta, surge uma conversa aqui e outra ali sobre filhos, cidade, esportes, mas quando vai se aprofundar um tantinho é hora de beijo e tchau.

E muitas vezes é o suficiente para discorrer dentro da afinidade com o entrevistado - entrando em searas mais pessoais, correríamos ambos o risco de perceber que, nossa senhora, que chato você é (às vezes acontece) ou o quanto não temos nenhuma afinidade além da gastronomia.


Às vezes rola ao contrário. E com a Renata foi assim. A conversa na cozinha não foi muito além do que costuma ir, nas gravações que costumam levar umas duas, três horas (sim, para dois minutinhos de vídeo, quem é que pode imaginar?). Mas a impressão que ficou, depois do papo fluído e da maneira à vontade de falar, é que aquela, além de uma boa confeiteira, é "gente como a gente". Seria uma pessoa com quem eu teria prazer de conviver - acho que seríamos amigas até.


Mas as três horas passaram, o vídeo terminou. Boa noite, obrigada, beijo, tchau. E uma fonte com quem tive empatia seguiu com seu trabalho e eu com o meu. Seja como for, tardes assim tornam trabalho de freelancer gratificante, por, entre outras coisas, dar a chance de conhecer e trocar ideias - mesmo que por poucas horas - com tanta gente diferente e, com sorte, bacana de verdade.


O texto com a receita e o vídeo do Boa Vida com o passo-a-passo do macaron de pistache você vê clicando aqui.

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Folie - R. Cristiano Viana, 295, Pinheiros. Tels: (11) 7737-3132 e (11) 8326-8288

*Foto: divulgação

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