quinta-feira, 30 de abril de 2009

A época dos caldinhos

É só dar uma baixadinha na temperatura que dá aquela preguiça de sair. Ainda mais, com o perdão da redundância, de sair pra fora – fora mesmo, na calçada. E é a calçada, justamente, o meu local preferido no bar. Qual a solução?

Por sorte, os donos de bares e botequins são mais atentos que os camelôs da 25 de Março. A gente nem mal sentiu a preguicinha, o friozinho, e lá vêm eles com suas sugestões de caldinhos. Adoro. Nas minhas lembranças do último outono/inverno deixaram saudade o caldinho de frutos do mar do Posto 6 (cremosinho, bem denso, uma refeição), o de mocotó, que vem com uma gema crua à parte, do Jacaré, e o caldo de sururu que tomei na casa da minha mãe. Por que não se encontra caldo de sururu em SP? Eu quero! Se não tem sururu é só fazer com vôngole, não é mesmo?

Seja qual for a escolha, é sempre uma opção reconfortante. E sempre uma bela maneira de preparar-se para os primeiros tragos evitando o estômago vazio - antes mesmo de escolher algo de mais sustância para comer.

Uma dica: acho que caldinhos combinam especialmente com cachaças. As “refeições líquidas” sempre tiram o sono de quem quer harmonizá-las com bebidas – enófilos tremem, sem nem mencionar na total incompatibilidade com a cerveja gelada.

Pois essa é uma maneira simples de pensar sua harmonização: como se trata de uma sopa, no fim das contas é melhor não exagerar no líquido que a acompanha para não ficar com o estômago “balançando”. Mas se a barriga já está forrada, pegue seu caldinho e o copinho de cachaça. Beba devagarinho como manda o figurino - para não queimar a língua e nem a goela. No fim, você vai estar, com toda certeza, bem aquecido.

Em tempo: a nota é velha e me desculpem pela antinotícia, mas eu achei tão simpático que merece a menção. O Pirajá comemorou o dia de São Jorge (23 passado) distribuindo um caldinho de galo para os convivas. Como não sou tão fora de hora assim, a celebração vai até hoje (quinta, dia 30). Bela sugestão de happy hour (tem mesmo um belo happy hour o Pirajá) pré feriadão.

E abaixo, o flyer que vem com a receitinha.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

A melhor parrilla de Buenos Aires – ou La Cabrera X Miranda

É impossível não ter uma verdadeira intoxicação de carne vermelha quando se viaja para Buenos Aires. Pelo menos para pessoas bem carnívoras, como eu. E é uma orgia alimentar muito satisfatória: não tem jeito, a carne dos caras é melhor e ponto (tanto quanto somos melhores no futibas e ponto).

E por conta dessa superioridade do boi, qualquer parrilla de bairro deixa nós brasileiros felizes da vida, com a sensação de que aquele foi “o churras do ano”. Como não sou iniciante em terras portenhas, quis ir além. Qual seria a melhor parrilla de Buenos Aires? Era essa que eu queria comer em minha mais recente visita.

Um certo boca-a-boca e três guias consultados depois, havia, não uma resposta, mas um embate a ser resolvido. Diz que o La Cabrera é o preferido dos tradicionalistas, mas que o Miranda, freqüentado por playboys, serve uma carne tão boa quanto, ou melhor. Na dúvida, fui aos dois.

La Cabrera




São duas casas idênticas em uma mesma rua em Palermo, já que a primeira não dava mais conta do público. Em ambas, o ambiente é agradabilíssimo: salão pequeno, decoração informal e bem over, cacarecos pendurados, escritos nas lousas. Fomos na filial e sentamos na calçada.

Cada corte (de cerca de 400g) sai por, em média, 40 pesos e pode ser compartilhado. O garçom sugeriu honestamente que não escolhêssemos nenhuma guarnição, apesar das várias opções do menu. “A carne já vem com vários pequenos acompanhamentos”. “Vários” não foi força da expressão, foram treze potinhos que chegaram à mesa com molhos, chutneys, legumes, batatinhas e uma cesta de pães.

Alegria, alegria. Mistura de “picadas” com churrasco – um belo ojo de bife feito no ponto pra mal passado, conforme havíamos pedido. Serviço cordial e sem frescura. E a conta, com cervejas incluídas, deu R$ 50 por pessoa, um valor cada vez mais impossível de se pagar por uma boa refeição (com cerveja, então, nem se fala), em São Paulo.



Miranda

A casa era tudo o que guia Wallpaper tinha dito: o salão amplo, pé direito e-nor-me, decoração moderninha, garotos saídos das quadras de tênis, meninas com cachorros cuti-cuti comendo salada (sem carne). Eu ainda tinha dúvidas sobre o que o guia queria dizer com a frase “os garçons são intangíveis”. Logo entendi. São aqueles garçons novinhos, mais pra bonitinhos que para eficientes, que te deixam um tempão abanando a mão até que resolvem te atender. Também são aqueles dotados de uma certa falta de noção. Quando perguntei sobre que cerveja era aquela listada no cardápio, ele logo respondeu fazendo uma careta: “é uma cerveja artesanal, mas eu acho horrível”. Pedi exatamente aquela.






Mas, no que importa, a carne, o Miranda pareceu impecável. Os cortes têm o mesmo preço do Cabrera, mas são individuais, e os acompanhamentos são pedidos à parte (30 pesos uma salada enorme para até três pessoas, 15 pesos uma abóbora recheada com queijo fundido), o que torna a conta bem mais salgada que no seu concorrente. Mas o bife de chorizo e o lomo estavam sensacionais – com certeza o meu “churras do ano”.

Mas aí a gente vê que uma visita só não basta para você sacar o padrão de um restaurante. Dois dias depois, a vontade de comer aquela carne maravilhosa de novo vez bateu a de conhecer outros lugares. Rumamos para lá, certos de que tudo se repetiria, mas que nada! As duas carnes vieram passadas e até queimadinhas por fora. O meu cordeiro da patagônia não estava melhor que algum criado em Catanduva. E os garçons...mais intangíveis que nunca.





Tudo isso para falar que, em termos de parrilla, vale mais seguir a turma dos tradicionalistas - ao menos se sua intenção for realmente comer.

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La Cabrera - Cabrera, 5.099 e 5.127, Palermo Viejo

Miranda - Costa Rica, 5602 , Palermo Hollywood


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Para quem vai a Buenos Aires e não tem guia impresso, uma boa ferramenta para planejar incursões gastronômicas é o site do crítico Vidal Buzzi.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Super Homem na Pink Elephant

Você já foi à Pink Elephant? Eu não - ir a boates upscale definitivamente não está entre meus programas favoritos. E é por isso que outro dia eu não soube responder quando ele me perguntou assim – “é verdade que lá acende um holofote sobre o sujeito que compra uma champanhe daquelas grandes e toca a música do Super Homem?”. Heim?

Achei que era um daqueles boatos sobre lugares que viram uma espécie de lenda urbana. Disse que era improvável. Mas ele insistiu: “quem ia inventar uma coisa dessas?”. Tá certo, ninguém seria tão criativo. E como já vi as práticas mais bizarras do mundo em clubes – em especial os voltados ao público AAA, que visitei quando cobria Noite na Folha – resolvi ir atrás.

Fonte oficiais consultadas e...sim, é verdade o papo do super homem das champanhes. Na verdade, nas palavras da fonte oficial, é assim:

“Todas as champanhes são servidas como um espécie de chuva de prata. (fogos de artifício – uma versão mais robusta daquelas velas de aniversário, com pólvora). A regra para parar toda a balada e tocar a música do superman é a seguinte: o cliente tem que pedir uma Veuve Cliquout Jeroboan, que é a garrafa de 3 litros (R$ 2.800), ou 11 ou mais unidades das champanhes de tamanho normal – 750ml (R$ 485).”

Daí quando eu fico pensando que se eu estivesse lá (qual a possibilidade?), morrendo de vontade de tomar uma champa (ok, mas a R$ 485?) por que eu ia querer passar o carão de ser alvo de holofote, música do Super Homem e fogos de artfício?

Eu não ia querer, mas muita gente sim. E muito.

“Já tivemos um caso que um cliente pediu 22 de uma única vez! (rs)”

E descolei a foto do momento da entrega para o “super homem” X 22




...
(silêncio de espanto)